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Campanha da CGE para o Mês da Mulher faz reflexão sobre igualdade de direitos
Existem muitos rótulos atribuídos ao “ser mulher”. Padrões de comportamento, papeis na sociedade e no lar, conjuntos esperados de sentimentos são difundidos amplamente e se perpetuam em todos os ambientes. Muitos são atributos do “cuidar”, fruto de conexões patriarcais com a vida no lar: sensibilidade, carisma, cuidado, romantismo, suavidade. Outros, estigmas de passionalidade: inveja, ciúmes, competição, histeria, fofoca. Quantas vezes as mulheres são enquadradas nessas estruturas falaciosas e quantas de suas qualidades são desperdiçadas na tentativa de defini-las e rotulá-las? São, todos esses rótulos, uma prática muito comum de reduzir o universo feminino a uma massa acrítica, sem voz, reativa e dependente.
Um rótulo é um rótulo mesmo se vinculado a uma característica positiva, pois se trata de ignorar a diversidade, a liberdade e o respeito às escolhas de cada uma. “Toda mulher gosta de ganhar flores.” Não, nem sempre. “Isso é coisa de mulher.” Não, de nem todas. A provocação aqui é: desconfie de qualquer frase que comece com “toda mulher”, ela certamente apresenta um defeito grave, o de definir o indefinível.
A Controladoria-Geral do Estado, como órgão que fomenta a integridade na vida das pessoas e nas instituições, e que reconhece o dever de ampliar a participação direta dos cidadãos e cidadãs e o controle democrático e representativo nas questões públicas, não pode ficar nesse lugar comum. A campanha da CGE de 2017, em comemoração ao Dia Internacional da Mulher, visa demarcar o seu posicionamento a favor da garantia de igualdade de direitos e oportunidades e do respeito à diversidade, às escolhas e às opiniões de todas as mulheres, servidoras e cidadãs. E sensibilizar a todos e todas com dados que saltam aos olhos, dados estes que representam as desigualdades e violências que assolam as mulheres mundo afora e, especialmente, no Brasil.
O tema da campanha é “Não queremos só flores, queremos protagonismo”. Com essa provocação, a CGE chama a atenção, primeiro, para a importância de se garantir a liberdade de escolher. Com a expressão “só flores”, busca-se ampliar possibilidades e preferências sem tolir mulheres de viver legitimamente sua vida cotidiana à sua maneira. O mérito do problema não está nas escolhas em si – no desejo ou não de ganhar flores, ou na sensibilidade com que se pode encarar um relacionamento, ou na opção por servir à casa e à família, ou no modo de se vestir –, mas de buscar insistentemente definir padrões de “certo” e “errado” para tais escolhas. Ainda, de se definir o lugar de cada mulher conforme esses padrões, enquanto, na verdade, cada uma deveria moldar sua trajetória conforme seus próprios desejos e suas próprias convicções, sem qualquer julgamento ou desrespeito.
A segunda mensagem – “queremos protagonismo” – lança luz à criação de uma agenda imediata de reconhecimento, respeito e ascensão do papel das mulheres, reivindicando alternativas para ocupação cada vez maior de todos os espaços, sob o lema “lugar de mulher é onde ela quiser”. Ser protagonista é exercer, indistintamente, um papel relevante no trabalho, na política, no lugar onde vive ou na vida cotidiana. É ser importante nas tarefas empenhadas, é fazer com maestria as responsabilidades que lhe são designadas, é ser fundamental na condução enérgica de uma função. A mulher protagonista está em todos os lugares e se afirma em diferentes contextos. É protagonista no trabalho, como gestora e dirigente, mas também brilha nas instituições mais antigas do planeta, como do casamento e da maternidade.
Dentro da campanha, a CGE está ouvindo as servidoras. Nos relatos e conversas, chovem diversidade, histórias de superação e caminhos tortuosos de afirmação frente a machismos cotidianos. Mesmo diante de perfis tão diferentes, pontos comuns foram identificados e nenhum deles sequer tangenciam os rótulos mencionados lá em cima. Ao contrário, para alcançar espaços de poder no serviço público, ou superar dificuldades na vida, ou tornar-se arrimo de família no âmbito do lar, essas mulheres demonstraram condutas de perseverança, empenho, resiliência, dedicação e estudo... e também de muita solidariedade, respeito ao próximo, trabalho em equipe e ouvidos cuidadosos.
Senso de unidade é diferente de pressupor que todas são iguais, é reconhecer as diferenças. Senso de unidade não para reduzir, mas para gerar união. É esse o valor que a Controladoria busca com essa campanha – e que todas nós desejamos.
Camila Montevechi Soares
Diretora de Promoção da Integridade da Controladoria-Geral do Estado
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